quinta-feira, 29 de maio de 2014

O termo de uma vida


A educação e a cultura onde crescemos afecta de uma forma gigantesca a nossa mente e a forma como a partir daí vemos e interpretamos o mundo.

Na minha interacção com idosos nos últimos anos tenho aprendido imenso...

Mas ultimamente, e porque faz parte do trabalho de um psicólogo ajudar a aceitar a ideia da morte com tranquilidade se for caso disso, pergunto ás vezes a alguns idosos como se sentem em relação a essa realidade, que em teoria estará mais próxima deles do que de nós mais jovens (apenas em teoria; ou com uma probabilidade maior).

Apercebo-me que as pessoas de uma faixa etária de 70/80/90 anos, têm geralmente uma aceitação absolutamente tranquila, pacífica, e muito "normal" (como de facto é para ser), contrariamente à gente mais jovem (tenho que comprovar melhor este lado).

Porém, hoje, uma resposta de uma idosa com 96 anos (mas que está plenamente capaz nas suas faculdades físicas e mentais), ficou-me a pairar na mente.

Na sua vida sempre levou muito a peito tudo que tivesse a ver com a religião católica apostólica romana, não pondo em questão nem uma vírgula sobre cada letra que vier escrita em qualquer livro, folheto, etc, que tenha a ver com a religião.

Tentando descrevê-la: Não tenho medo de morrer, no fundo este mundo para mim não interessa, vivo na esperança e na expectativa de viver o outro (depois da morte) pois esse é que tem realmente valor. Só tenho mesmo medo é de morrer em pecado, pois aí terei de ir para o purgatório e em tudo o que li sobre o assunto se diz que o maior sofrimento que se possa ter no mundo terrestre, é o mínimo que se sofre no purgatório. Disso tenho realmente medo, mesmo as mentirinhas que dizemos as vezes sem querer e que pensamos que não interferem em nada, nos levam a pecar e a ir para o purgatório. Existem mesmo pessoas que ás vezes me dizem que não gostavam de ter uma morte dolorosa, EU NÃO me importo de sofrer, isso não me faz diferença, o que não quero mesmo é ir em pecado.

De seguida, e visto esta opinião tão formada e tão estabelecida naquela mente humana, perguntei o que acontece então realmente quando as pessoas morrem, segundo aquilo em que ela acredita. A resposta foi clara: S. Miguel vai estar a espera de cada uma e se a pessoa tiver pecados com ela vai proceder á pesagem da alma na sua balança. Se não tiver nada entrará para o Céu directamente, sem precisar de passar por essa "prova".

(Alguém vai ralhar-me por dizer isto neste contexto, mas os Egípcios acreditavam mesmo nesta pesagem da alma, o Deus Anúbis acompanhava as almas até esta prova....sim estou a comparar credos, mas este não é o objectivo aqui e agora.)

Não poderia nunca discordar desta forma de ver as coisas, afinal foi construída durante 96 anos e com histórias que poderiam dar vários filmes; e se essa ideia faz com que a pessoa possa enfrentar a realidade com tranquilidade, venha ela ;)

E por aqui me fico, deixar-vos a pensar em como cada mente humana é um mundo por descobrir e em como a forma como a trabalhamos nos faz ver o meio envolvente de maneira mais ou menos tranquila, mais ou menos realista.

:D

terça-feira, 6 de maio de 2014

Mosteiro de Tibães - Parte 3 (final)


E finalmente a terceira e última parte...

A cozinha parecia saída de um conto de gigantes e é definitivamente deliciosa (não... não falo de comida). Mais ou menos a meio encontra-se uma enorme mesa em pedra, que servia para comerem os trabalhadores, os monges tinham á parte o refeitório onde faziam as refeições em silêncio, mas com um deles a ler durante todo o tempo de refeição.

Voltando á cozinha, tinha uma gigantesca lareira, onde por baixo caberíamos de pé...hum…sei lá umas 10/15 pessoas, mais ou menos. Junto á janela de grades encontrava-se o lavatório todo em pedra e, acreditem, deu-me uma vontade enorme de lavar loiça só pelo facto de o fazer naquele espaço (eheheheh sim é de doidos, mas que querem? foi mesmo isso.).

No final da visita às instalações do Mosteiro, estávamos livres para explorar o espaço de natureza envolvente. E se o Mosteiro já era por si só fabuloso de se visitar, o espaço grandioso ao seu redor só aumenta e espanto, o gosto e o privilégio de ali nos encontrarmos.

E de entre algumas fontes e cursos de água, destaco sem qualquer sombra de dúvidas o enorme lago rodeado por uma imensa floresta de bambu (nunca tinha estado numa). Tinha á sua “entrada” três árvores consideradas património nacional (das quais já não me recordo a espécie...sim, eu sei é imperdoável...), árvores deveras impressionantes pela sua enorme altura e majestosidade.

Esse lago, que tem á sua “cabeceira” um monumento em pedra a embelezá-lo, parece ter saído directamente de um livro, e descrever o que senti ao ali estar, torna-se para mim complicado de transmitir por palavras...

Há coisas neste mundo que apenas se sentem...

Apenas posso referir que me deu um gosto enorme de poder permanecer naquele espaço mágico.
Não relato mais, pois naquele dia o tempo fugiu ao nosso controlo e não pude explorar como deveria o espaço exterior. Um conselho a quem quiser visitar o Mosteiro, é que disponibilize bastante tempo; pois uma visita feita de forma rápida não vale a pena.
Ainda hei-de lá voltar e ter a oportunidade de ver melhor o espaço envolvente que é enorme.
E agora sim, termino esta viagem de 3 partes, deixando-vos com a certeza que é um local que realmente vale a pena visitar.

Disfrutem!!! :D