sexta-feira, 5 de abril de 2013

Noite


É tão estranho o efeito que a noite tem em nós…
Põe-nos a pensar em pessoas perdidas, em momentos que gostaríamos de viver e não podemos/não queremos/não temos coragem/não nos permitem…
É como se o silêncio e a calma que ela liberta nos levasse ao mais intimo de nós próprios e nos fizesse sentir a dobrar; todos os sentimentos, nessa altura, são vividos de uma forma mais profunda, mais intensa…
Ela pode até pôr-nos a falar de forma diferente, com uma nostalgia muito diferente da que sentimos e “usamos” no dia-a-dia…
Que fascínio provocará em nós, para nos mudar desta forma???

Nesta noite, em particular, levou-me a uma mistura enorme de sentimentos (acho que passei por todos existentes…), mistura de pessoas (em pensamento) ausentes e presentes, vivas ou que já partiram…

Uma delas levou-me directamente á estante no meu quarto, estava presente em mim a lembrança viva de uma pessoa que me ajudou a crescer, que me passou valores, princípios, em suma que também ajudou a construir aquilo que sou hoje…e a quem devo muito…
Infelizmente ele já não está entre nós…e das “recordações físicas” com que fiquei do meu avô materno está esse livro que lhe pertenceu e que eu fui buscar áquela estante…
Abri nas primeiras páginas e dei-me conta que algumas das minhas paixões e da minha forma de sentir as situações, pode não ter sido por acaso….nada é por acaso nesta vida, certo?

As primeiras linhas diziam assim:

“Quem se acostumar a subir às cristas das serras, para das suas assomadas contemplar o horizonte e lavar a alma com o ar perfumado das suas montanhas, dificilmente se amoldará à vida citadina.
E a dar-se esta adaptação, não deixa o indivíduo de sentir-se assaltado, de quando em quando, pela nostalgia das cordilheiras a despertar-lhe no sangue o desejo de regressar à paz dos campos. (…)”

E hoje é este lindíssimo pensamento que vos quero deixar, mesmo que para muitos não tenha assim tanto sentido…

Nefertiti


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